OFICINA
SOBRE O MEIO FÍSICO
Qualidade da água Luis
Roberto Takiyama
1.
Apresentação
A
água é um recurso natural essencial para
nossa sobrevivência e a de todas as espécies
que habitam a terra.
A dependência do ser humano em relação
à água é vital, não só
como veículo para a troca de substâncias
do organismo, mas também para a manutenção
da temperatura corporal. Além disso, o homem utiliza
a água para muitos outros fins como lavar roupas,
navegar, nadar e também retira seu alimento de
seres vivos que vivem nela tais como os peixes e camarões.
Mas para tudo isso a água deve manter as propriedades
adequadas aos usos e à vida aquática e ela
vem sendo muito mal tratada pelos seres humanos que jogam
uma variedade de dejetos nos rios, igarapés, lagos
e mares.

Figura 1.
Dejetos na água e utilização
da água sem tratamento.
Fonte: CD-ROM - Água, Meio
Ambiente e Vida – Coleção Água,
Meio Ambiente e Cidadania - SRH/MMA/ABEAS. |
Vamos
tentar aprender aqui identificar algumas propriedades
da água para verificar se estão acontecendo
mudanças, tanto causadas pela presença do
homem como naturais, na sua qualidade.
2.
O ciclo da água
Na
natureza, a água e a umidade se encontram em contínua
circulação, fenômeno conhecido como
ciclo hidrológico (Figura 2). As águas dos
oceanos, rios, lagos, da capa superficial dos solos e
das plantas evaporam-se por ação dos raios
solares. O vapor formado vai constituir as nuvens que,
em condições adequadas, condensam-se, precipitando-se
em forma de chuva, neve ou granizo.
Quando
as precipitações caem no solo, uma parte
da água escorre pela superfície, alimentando
os rios, lagos e oceanos; outra se infiltra no solo e
uma última parte volta a formar nuvens, regressando
à atmosfera através da evaporação.
É um ciclo sem fim (Figura 1). Assim como a esponja
absorve a água, os solos fazem o mesmo durante
a infiltração, constituindo o que chamamos
de águas subterrâneas. As águas são
armazenadas em diferentes profundidades e essas reservas
são alimentadas por rios, lagoas, canais e águas
provindas de degelo.

Figura 2 –
Ciclo Hidrológico.
Fonte: CD-ROM - Água, Meio
Ambiente e Vida – Coleção Água,
Meio Ambiente e Cidadania. SRH/MMA/ABEAS.
|
3.
A distribuição da água no mundo,
no Brasil e na Amazônia
O
volume total de água na Terra não aumenta
nem diminui: é sempre o mesmo. Hoje somos mais
de 5 bilhões de pessoas que, com outros seres vivos,
repartem essa água. O desenvolvimento do ser humano
está em grande parte relacionado à quantidade
e à qualidade da água.
Cada pessoa gasta por dia, em média, 40 litros
de água: bebendo, tomando banho, escovando os dentes,
lavando as mãos antes das refeições
etc.
Apenas 0,7% do volume total de água da Terra é
formado por água potável, isto é,
pronta para o consumo humano. Hoje em dia, quase 2 bilhões
de pessoas não dispõem de água potável.
Hoje, 54% da água disponível anualmente
está sendo consumida, dos quais 2/3 na agricultura.
Em 2025, 70% será consumida, apenas considerando
o aumento da população. Caso os padrões
de consumo dos países desenvolvidos forem estendidos
à população mundial, estaremos consumindo
90% da água disponível.

Figura 3. Usos da água
no mundo. |
3.1.
Onde a água é encontrada (Figura 4)
-
Mares: 97,5% da água do planeta é salgada:
com esta água não se pode cozinhar; não
pode ser bebida nem usada na indústria ou na irrigação.
-
Calotas polares: onde se encontra a maior parte da água
doce do planeta. Ali pode permanecer milhares de anos
até o degelo.
-
Subsolo: parte da água doce se encontra como água
subterrânea. É factível construir
poços para extraí-la, mas a um custo muito
alto.
-
Rios, lagos e chuvas: é água doce, que é
menos do 1% do total de água do Planeta. Esta é
a água que utilizamos e que deve ser suficiente
para a vida dos seres humanos, das plantas e dos animais.
A
água doce é um recurso escasso. Por isso
é importante mantê-la limpa.

Figura 4. Distribuição
de água no planeta. |
3.2.
A água no Brasil
Com
uma área de 8.512.000 km2 e cerca de 167 milhões
de habitantes, segundo o último Censo do IBGE,
o Brasil é hoje o quinto país do mundo,
tanto em extensão territorial como em população.
Com dimensões continentais, os contrastes existentes
quanto ao clima, distribuição da população,
desenvolvimento econômico e social, entre outros
fatores são muito grandes, fazendo com que o país
apresente os mais variados cenários.
Apesar dos contrastes, o Brasil tem uma posição
privilegiada perante a maioria dos países quanto
ao seu volume de recursos hídricos, pois possui
13,7% da água doce do mundo; no entanto, apresenta
uma disponibilidade desigual de água. Porém,
68% de água doce disponível do País
encontra-se na bacia Amazônica (Figura 5), que é
habitada por menos de 5% da população.

Figura 5. Distribuição
de água no Brasil. |
O
Brasil registra também elevado desperdício
entre 20% e 60% da água tratada para consumo se
perde na distribuição, dependendo das condições
de conservação das redes. Além dessa
perda no caminho até o consumidor. O desperdício
acontece no exagero do tempo e na forma do banho, na utilização
de descargas no vaso sanitário que consomem muita
água, na lavagem da louça, uso da mangueira
de água como vassoura na lavagem de calçadas
e carros.
4. Os usos da água
-
Agricultura (irrigação)
- Abastecimento Humano e Animal
- Indústria
- Pesca/aquicultura
- Saneamento Básico (recepção de
resíduos)
- Preservação do meio ambiente
- Navegação
- Recreação/Cultura
- Geração de Energia
No
Brasil, assim como no mundo todo, a maior parte da água
é utilizada para a irrigação (Figura
6).

Figura 6. Usos da água
no Brasil. |
5.
Propriedades da água
5.1.
Odor
A água pura não deve ter cheiro. Se a água
apresentar algum odor, quer dizer que existe alguma substância
presente nela que ocasiona o cheiro.
5.2. Cor
A cor de uma amostra de água está associada
ao grau de redução de intensidade que a
luz sofre ao atravessá-la, devido à presença
de materiais dissolvidos. A água pura não
possui cor, ela deve ser transparente.
5.3. Sabor
A água pura não deve ter sabor. Se a água
apresentar algum sabor, quer dizer que existe alguma substância
presente nela que ocasiona o sabor.
5.4.
Temperatura
Este parâmetro é de fundamental importância
para os sistemas aquáticos terrestres, já
que os organismos possuem diferentes reações
às mudanças deste fator.
Altas temperaturas, tanto na água como no ar, provocam
reações adversas nos indivíduos,
tais como a desnaturação das proteínas.
Este processo é o que acontece quando uma pessoa
está com febre alta (acima de 40ºC) e começa
a delirar, ou desmaia. O organismo desfalece para diminuir
seu metabolismo, diminuindo a possibilidade de danos.
Em compensação, baixas temperaturas, principalmente
para seres dos países tropicais, são prejudiciais,
já que estes possuem muito pouca reserva de gordura
e glicogênio nos músculos, ou cobertura de
pelos/penas para diminuir a perda de calor para o meio
externo, e consequentemente gastando muitas calorias para
nos mantermos aquecidos.
5.5. Turbidez
A turbidez expressa as propriedades de transmissão
da luz através da água ou transparência
da água. Quanto maior a turbidez, menor será
a penetração de luz. Uma água “barrenta”
possui alta turbidez e uma água “limpa”
possui baixa turbidez. A turbidez está relacionada
com a quantidade de material sólido presente na
água.
5.6. pH
O termo pH (potencial hidrogeniônico) é usado
universalmente para expressar o grau de acidez ou basicidade
da água. Podemos ter idéia de acidez quando
tomamos suco de limão. A escala de pH é
constituída de uma série de números
variando de 0 a 14, os quais denotam vários graus
de acidez ou basicidade. Valores abaixo de 7 e próximos
de zero indicam aumento de acidez, enquanto valores de
7 a 14 indicam aumento da basicidade.
O pH é uma importante propriedade da água
porque os seres vivos aquáticos são acostumados
a viver em águas com certos valores de pHs. Se
acontecer uma mudança nesta propriedade, os peixes,
plantas e outros seres que vivem na água podem
adoecer e morrer.
5.7. Salinidade
A salinidade ocorre quando há muito sal dissolvido
na água. A água do mar é salgada
e, podemos ter nas áreas onde os rios desembocam
no mar uma mistura de água doce com a salgada originando
a água salobra.
A salinidade é uma propriedade importante pois
o homem não bebe a água salgada nem salobra.
Existem vários seres vivos que gostam de viver
em água salgada e outros que não suportam
a água salgada.
5.7. Oxigênio dissolvido
O oxigênio dissolvido na água é uma
variável extremamente importante, haja vista que
a maioria dos organismos necessita deste composto para
a respiração.
Naturalmente existem duas fontes de oxigênio para
os sistemas aquáticos: o primeiro é a atmosfera,
e o segundo é a fotossíntese, realizada
pelos seres vivos. Por isso a medida de oxigênio
é muito importante para se determinar o estado
de saúde do sistema. Quando se tem pouco oxigênio,
é provável que haja algum problema na água.
Por exemplo, despejo de esgotos ou restos de comida em
excesso na água fazem com que os organismos microscópicos
que também respiram se reproduzam muito depressa
reduzindo a quantidade do oxigênio dissolvido na
água.
6. Metodologia
6.1.
Materiais
Garrafas de água mineral vazias
Copos de vidro transparentes
Copos plásticos laváveis (não descartáveis)
Coador de papel
Filtros de papel
Termômetro com escala de –10 a 50 oC
Cone de Imhoff
Tiras de papel universal para medidas de pH
Refratômetro
Kit para análise de oxigênio dissolvido
Caderno de anotações
Caneta
Lápis
Borracha
Água destilada
6.2.
Procedimentos
Serão
coletadas amostras semanais as quais serão realizadas
as análises de:
- Odor, cor e sabor
- Temperatura da água e do ar
- Sólidos sedimentáveis
- pH
- Salinidade
- Oxigênio Dissolvido
-
Odor, cor e sabor
As amostras para odor, cor e sabor serão filtradas
em filtro de papel (coador de café) antes de submetidas
às análises.
Deverá ser observado, utilizando um copo transparente
contendo a água filtrada, em frente a um fundo
branco (parede ou folha de papel branca) se a amostra
apresenta alguma coloração, principalmente
amarelada. Descrever a coloração como fraca,
média ou forte.
Para a análise do odor, deverão, no mínimo,
três pessoas cheirar a amostra filtrada e anotar
a característica do cheiro (cheira a que?) e a
intensidade (fraco, médio e forte).
Com relação ao sabor, no mínimo três
pessoas deverão colocar na boca uma pequena quantidade
da água e fazer o gargarejo, cuspindo a água
da boca em seguida. Em seguida, deverão descrever
o sabor em termos da característica (tem sabor
de que?) e da intensidade (fraco, médio e forte).
É importante notar que algumas amostras poderão
ter odor ou cor muito fortes e as amostras que possuírem
estas características não deverão
ser submetidas ao teste de sabor.
-
Temperatura da água e do ar
A medição da temperatura da água
e do ar será feita através de um termômetro
comum, diretamente nos locais de coleta.
-
Sólidos sedimentáveis
O Cone de Imhoff (Figura 7) será utilizado para
a obtenção do volume de sólido sedimentáveis.
Será colocado no cone 1 L de água após
1 hora de descanso (sem agitação do cone),
será lido o volume correspondente aos sólidos
que ficaram no fundo do cone.

Figura 7. Cone de Imhoff |
- pH
A
determinação do pH será feita com
o papel universal para pH, o qual é fornecido em
tiras. Para a medição, basta mergulhar a
tira de papel na amostra de água (no próprio
local de coleta) e comparar com a tabela de cores fornecida
pelo fabricante.
-
Salinidade
A salinidade será medida através de um refratômetro
(Figura 8). O procedimento consistirá em:
- Retirar o refratômetro do estojo.
Limpar a janela de vidro do refratômetro com água
destilada e papel toalha de boa qualidade;
- Pingar uma gota de água destilada na janela e
fechar a tampa;
- Olhar no visor contra uma fonte de luz (o sol, por exemplo),
e girar o parafuso de ajuste até que a linha horizontal
coincida com o valor zero na escala do visor. Ajustar
o foco se necessário.
- Retirar o excesso de água e limpar a janela de
vidro do refratômetro com papel toalha de boa qualidade;
- Pingar uma gota da amostra na janela e fechar a tampa.
Com cuidado, olhar no visor contra uma fonte de luz (o
sol, por exemplo), ajustando o foco se necessário
e ler na escala a salinidade da amostra.
- Limpar a janela de vidro do refratômetro com água
destilada e papel toalha de boa qualidade;
- Guardar o refratômetro no estojo.
 |
Figura 8. Refratômetro. (1) Janela;
(2) Tampa; (3) Parafuso de ajuste; (4) Segurador;
(5) Ajuste de foco do visor |
-
Oxigênio Dissolvido
As análises de oxigênio dissolvido serão
realizadas através do método de Wrinkler
e serão realizadas pelos professores responsáveis
devido a necessidade do manuseio de produtos químicos.
6.3. Coleta de amostras
1.
Com copo de coleta
Mergulhar o copo a uma profundidade de 20 cm abaixo do
nível da água, recolher o copo cheio e descartar
a água. Repetir mais duas vezes e na terceira manter
a água dentro do copo para as análises.
2.
Com garrafa de coleta
Mergulhar a boca da garrafa a uma profundidade de 20 cm
abaixo do nível da água, encher toda a garrafa
e descartar a água. Repetir mais duas vezes e na
terceira manter a água dentro da garrafa, tampando-a.
Identificar a amostra, escrevendo a identificação
na garrafa.
Observações
- Coletar, de preferência, no meio ou longe das
margens do rio, igarapé ou lago.
- Evitar coletar galhos, folhas, insetos mortos ou outros
materiais indesejáveis.
- Observar se há muito lixo, galhos ou folhas na
água no local da coleta.
- Anotar se houve chuvas fortes na região no dia
da coleta ou nos dias anteriores.
- Anotar: data, hora, local, maré (enchente ou
vazante).
Clique
aqui para Planilha.
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