OFICINA SOBRE
O MEIO BIÓTICO
Entomologia
Richardson
Ferreira Frazão
Os
insetos e alguns métodos simples de coleta e conservação.
Os
insetos são, atualmente, o grupo dominante de animais
na terra. Ultrapassam de longe, em número, todos
os outros animais terrestres e ocorrem praticamente em
todos os lugares. Muitos insetos são extremamente
importantes para o homem, pois, sem eles a sociedade humana
não poderia existir na sua forma presente; pelas
suas atividades polinizadoras muitas plantas não
dariam frutos nem sementes e consequentemente também
não existiriam florestas. Os insetos têm
um peso muito grande na balança ecológica,
pois, estão dentro da cadeia alimentar de muitos
outros seres vivos mantendo em equilíbrio os ecossistemas.
São encontrados nas mais variadas situações,
de acordo com o seu ecossistema e o coletor deve sempre
pesquisar em todos os ambientes que puder. Existem várias
formas de coleta para os insetos, porém, iremos
destacar apenas as mais simples para que os nossos objetivos
sejam alcançados de forma bem didática para
você jovem coletor.
Forma
do corpo.
Os
insetos são geralmente de forma mais ou menos alongada
e cilíndrica. O corpo é segmentado e os
segmentos são reunidos em três regiões
distintas, cabeça, tórax e abdome. A cabeça
contém os olhos, antenas e peças bucais;
o tórax contém as pernas e asas (quando
houver); o abdome geralmente não contém
extremidades locomotoras mais freqüentemente tem
alguns apêndices na sua ponta.
[cabeça] [tórax] [abdome]

Figura mostra as divisões
básicas do corpo de um inseto. |
Vamos
dar ênfase a três grupos básicos de
coleta: a) geral, diurna e noturna, b) com iscas e/ou
armadilhas iscadas, c) em ambientes restritos; insetos
aquáticos.
Iremos utilizar alguns equipamentos básicos, porém,
importantes para nossas coletas são eles:
Rede
entomológica: consiste em um arco circular
de metal (aço inoxidável ou arame encapado
com plástico), preso a um cabo de madeira e que
sustenta um saco de pano em forma de coador, o saco de
pano deve ser fundo e arredondado, e não terminado
em bico. O material mais indicado é filó
de “nylon”, pois não molha facilmente
mesmo se a
rede bater na vegetação molhada, mas no
nosso caso utilizaremos organza que também é
recomendada.
O trabalho com a rede não tem segredo e requer
apenas um pouco de prática, ao passar um inseto
voando ou estando pousado, dá-se um golpe brusco,
fazendo com que entre
no saco de pano (organza) virando-se imediatamente o aro,
de modo a impedir a saída do bicho. Com esse equipamento
poderemos coletar abelhas, vespas, borboletas, besouros,
jacintas, cigarras, moscas, gafanhotos e outros insetos
encontrados no decorrer da coleta.
Rede
para insetos aquáticos: do mesmo modelo
da entomológica, porém, deve-se utilizar
um material mais resistente como uma peneira de alumínio
ou uma tela reforçada.
Pinças
e pincéis: os insetos geralmente possuem
corpo frágil. Seu manuseio durante as etapas de
coleta, transporte e montagem deve ser feitos com uso
de pinças finas e leves do tipo utilizado por relojoeiros.
Em caso de insetos muitos pequenos ou frágeis,
o manuseio deve ser feito com pincéis.
Vidros
letais: logo após a coleta, os insetos
devem ser mortos em vidros letais que podem ser confeccionados
em vários tamanhos. Dependendo do material coletado.
O coletor deve levar consigo pelo menos um frasco pequeno
de 2,5 cm de diâmetro e 10 a 15 cm de altura, (vidros
vazios de maioneses são bastante utilizados) para
insetos pequenos, e um ou mais frasco maiores para insetos
grandes. Iremos utilizar vidro letal com líquido
tóxico, pois, a maneira mais fácil de se
fazer um vidro letal é colocar no fundo de um frasco
um pedaço de papel toalha (higiênico pode
ser usado) e em seguida pingarmos gotas de acetato de
etila para sacrificar o bicho.
Vidros
contendo álcool: alguns grupos de insetos
são fixados (mortos diretamente no álcool)
em frascos contendo álcool a 70% ou 80% pois podem
perder a coloração o que pode não
facilitar a identificação. São eles:
larvas de borboletas (largatas), larvas de besouros, larvas
de jacintas, aranhas (não é inseto mas podem
ser utilizado os mesmos processos), formigas e cupins.
Materiais
de acondicionamento temporário: depois
de mortos e retirados dos vidros letais os insetos podem
ficar armazenados em envelopes, triângulos e mantas
até serem levados ao laboratório (esse processo
será visto na prática), porém, nunca
esquecer de colocar a data da coleta, nome do coletor,
onde foi pego (florada, folha etc...), tipo de coleta
e o lugar.
obs.: Isso é de muita importância para as
coleções.
Caixas
para estoque do material: caixas feitas de papelão,
madeira, plástico ou metal. São usadas para
estocar as mantas, envelopes e triângulos contendo
os insetos que foram tirados do vidro letal. Caixas de
sapato podem ser utilizadas ao invés de serem jogadas
no rio.
Armadilhas
de solo com iscas: são voltadas para insetos que
caminham sobre o solo, por sua, incapacidade de voar ou
por preferência de hábitat. Como exemplo
temos alguns besouros que se alimentam de matéria
em decomposição. Coloca-se dentro de um
balde algumas sobras de alimentos principalmente carne
de peixe, de galinha e de gado (de preferência em
estado de podrura), pois irá atraí-los mais
rapidamente para o balde não sabendo sair. Ao amanhecer
retiramos todos os insetos com pinça. Para esse
tipo de coleta os insetos devem ser fixados por questões
de higiene e depois colocados nos envelopes para serem
armazenados.
Luz:
muitos insetos voadores são atraídos pela
luz. Estes podem ser simplesmente colhidos na parede ou
em plantas, perto do foco luminoso.
Inflorescências:
atraem grandes quantidades de môscas, besouros,
mamangavas, abelha e muitos outros tipos de insetos e
devem ser bem exploradas pelo coletor.
Coleta
em derrubadas: derrubadas de matas oferecem grandes oportunidades
de coletas, devem ser exploradas logo cedo quando caídas,
na copa das árvores existem muitos insetos e nem
sempre os equipamentos alcançam árvores
altas.
Abelhas sem ferrão
Os ninhos de abelhas sem ferrão podem ser subterrâneos
ou estar em ocos de árvores.
Essas abelhas alem de representarem amostras importantes
de nossa entomofauna, podem ser capturadas e colocadas
em caixas racionais (caixote de madeira utilizado para
criação de abelhas sem ferrão), de
forma a compreender os processos biológicos, ecológicos
e comportamentais dos insetos. Pode ainda oferecer uma
renda extra aos moradores locais com a venda de seus produtos
mel, cera e própolis.
Ninhos de vespas
As coletas, em ninhos de vespas devem ser feitas com muito
cuidado, pois a picada de muitas espécies é
perigosa, especialmente no caso de picadas múltiplas.
As coletas devem ser feitas no final da tarde ou de preferência
ao anoitecer quando as vespas estão todas no ninho.
Os processos de montagens em caixas entomológicas
serão vistos de forma prática conforme as
condições locais.
Materiais a serem utilizados: alfinete entomológico,
placas de isopor, estufa, pinças e caixa entomológica.
LOCAIS
ONDE OS INSETOS DEVEM SER ALFINETADOS.

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BLOCO
DE MONTAGEM PARA BORBOLETAS E MARIPOSAS.
As
asas devem ser estendidas de acordo com a figura abaixo,
NUNCA atravesse as asas com alfinete, procure alfinetar
em cima da fita de papel.
BLOCO
DE MONTAGEM PARA QUE OS INSETOS FIQUEM DA ALTURA CERTA
NA CAIXA ENTOMOLÓGICA.

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